"Um leve mal-estar. Estou com aquela variante que não faz nada", diz o narrador neste romance, momentos antes de ser internado na unidade de tratamento intensivo para covid-19 de um hospital em São Paulo. Nos instantes seguintes, ele irá sofrer um colapso pulmonar que o levará ao delírio, à dor, e ao medo diante da morte.
Em Uma dor perfeita, Ricardo Lísias narra o período em que esteve de fato internado, oscilando entre a consciência e o devaneio. Ele descreve a luta de médicos e enfermeiros, e a angústia pelos pacientes que não sobreviveram. Fala das dificuldades de recuperação e mostra como, mesmo depois do trauma, a doença deixa marcas profundas na relação com os outros. Mas o livro é, acima de tudo, a narrativa de um pai. Um pai que, em seu delírio, vê a esposa com os olhos "de pedra", o filho com o rosto "embaçado", e teme nunca mais encontrá-los.
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