Segundo reportagem da jornalista Úrsula Passos para a Folha de S.Paulo, a tradição dos clubes de leitura remonta ao século XVIII. Protestantes nos Estados Unidos promoviam reuniões litúrgicas de estudo do livro sagrado, aristocratas e burgueses se encontravam nos grandes salões e debatiam leituras e inquietações intelectuais. Tudo isso se somava ao caldo das ideias iluministas que estavam em plena ascensão, mesmas ideias que iriam acompanhar a revolução francesa.
Ao longo dos séculos, os clubes de leitura foram ocupando outros espaços: livrarias, bibliotecas, programas de TV (o da apresentadora Oprah, por exemplo, os promove desde 2011), encontros virtuais em clubes pela internet, jantares e reuniões. Os clubes se transformaram em uma potente ferramenta não apenas de socialização e democratização do conhecimento, valendo-se da atividade da leitura, mas de divulgação dos livros. Algumas editoras inglesas e estadunidenses como a Penguin, a Random House e a Knopf passaram a articular uma comunicação constante com os grupos leitores, promovendo eventos, guias de leitura e múltiplos acordos que facilitam a compra de livros e contribuem para os debates.
Em 2010, ano em que a Companhia das Letras e a Penguin consumaram sua primeira parceria, com o lançamento do selo Penguin Classics no Brasil, decidimos criar um programa de incentivo a clubes de leitura no país. Foram quase dez anos de acompanhamento a livrarias e clubes independentes.
Em 2021, criamos a Clubes & Companhia, uma newsletter com curadoria exclusiva para clubes de leitura. Todo mês, enviamos uma lista com obras selecionadas e um cupom de desconto de 30% em qualquer obra no site.
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2. Como montar um clube de leitura:
Encontre interessados entre seus amigos e contatos. Indica-se um mínimo de cinco a sete integrantes para criar um bom clube; o número máximo recomendado é de quinze a vinte integrantes;
Entre em acordo sobre um local prático e adequado, que atenda todos os leitores. Pode ser um lugar público, a casa ou o salão de algum dos integrantes. Caso a escolha seja por um local comercial, público, como livrarias e bibliotecas, combine antecipadamente com algum funcionário do estabelecimento (ele poderá ou não participar do clube) para checar a disponibilidade do espaço;
Pense numa data oportuna para que todos possam participar e ter tempo de ler a obra escolhida em conjunto. Ainda que essa data possa ser flexível, é importante determinar previamente a frequência de encontros do clube;
É importante que o clube tenha sempre um mediador; quem teve a ideia do clube ou um funcionário do estabelecimento escolhido podem ser os candidatos. É possível revezar entre os participantes, mas é essencial que todo encontro seja guiado por algum integrante.
Caso você queira que seu clube seja apoiado pela Companhia as Letras, preencha o formulário para se cadastrar. No momento não há chamadas abertas para novas parcerias, mas seu clube estará registrado em nossa lista de espera.
3. Dicas para mediadores e participantes, e outros materiais:
O mediador não deve se comportar como um professor ou uma autoridade, mas deve estar atento para que a discussão ocorra de maneira democrática, garantindo que todos tenham espaço para se expressar. Ouvir cada participante atentamente é sua função mais importante. Assim, é possível conhecer mais a fundo o perfil dos integrantes, bem como os gostos e as formas de discutir de cada um. O mediador deve estar preparado para a discussão, fazendo uso de questões introdutórias, trechos selecionados e perguntas estratégicas; todo esse aparato, caso a discussão esfrie, serve para a ampliação da conversa. Informações relevantes sobre a obra e o autor são bem-vindas, desde que não ocupem espaço central na discussão, transformando o mediador num palestrante. Pensar nos livros para indicação a cada mês também é seu papel. Os títulos podem ser decididos por meio de votação ou pelo próprio mediador, que pauta o diálogo entre a editora e os participantes do clube. A editora está sempre à disposição, com indicações e dicas que se adequam ao perfil de cada grupo, auxiliando na escolha dos livros.
Recomenda-se que todos integrem a discussão tendo lido o volume escolhido. No entanto, essa indicação não é obrigatória. Caso o leitor tenha encontrado alguma dificuldade no processo de leitura (ela era de difícil compreensão, chata, entediante, ou, pelo contrário, encaixar a leitura à rotina foi um problema?), o mediador deve dividir essa questão com o grupo. Um clube de leitura deve ser um espaço democrático, de compreensão. Uma constante comunicação via mídias sociais ou e-mail é fundamental para que os participantes se lembrem da data do encontro, mas também é muito útil para compartilhar curiosidades e informações interessantes.
4. Confira aqui os clubes que apoiamos e os contatos dos mediadores para informações e inscrições:
Temos parcerias com clubes de leitura que são realizados virtual ou presencialmente. Você pode escolher o mais adequado para a sua rotina.
Em abril de 2015 teve início o projeto de remição da pena, em parceria com a Fundação "Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel" de Amparo ao Preso (Funap), órgão do estado de São Paulo que desenvolve ações de educação formal e cursos profissionalizantes dentro das unidades, bem como a reintegração do preso na sociedade. Nos primeiros doze meses (que correspondem ao primeiro ciclo), oito unidades penitenciárias no Estado de São Paulo foram beneficiadas com a iniciativa. Em 2016, a proposta foi ampliada para doze unidades prisionais. A dinâmica de trabalho desenvolve-se da seguinte maneira: em primeiro lugar, todos os participantes, com o auxílio de um mediador, discutem a obra em questão no clube de leitura de sua unidade; depois disso, e para que a remição se efetive, o juiz responsável por cada unidade deve receber um resumo do livro, especialmente escrito pelo leitor, junto com um parecer atestando a efetiva leitura da obra. Esse é um projeto subsidiado pela Companhia das Letras, que doa os livros, arca com os custos de organização, capacita os mediadores e voluntários e faz a gestão de todo o processo. A Funap se encarrega da seleção dos mediadores, da logística interna dos presídios e da escolha das unidades parceiras. Todos os mediadores são funcionários da Funap que já trabalham nas respectivas unidades.
Fundada em 1986 por Luiz Schwarcz e Lilia Moritz Schwarcz nos fundos da gráfica Cromocart, que pertencia ao avô de Luiz, a editora surgiu com foco original em literatura e ciências humanas, sempre atenta à qualidade do texto, das traduções, do projeto gráfico e do acabamento em todas as etapas do processo de edição. Rumo à Estação Finlândia, do americano Edmund Wilson, foi um dos quatros primeiros títulos publicados e logo se tornou um grande sucesso; no total foram 48 lançamentos no primeiro ano. Hoje são 16 selos dedicados aos mais variados segmentos.
Ao longo dos anos, a editora selou importantes parcerias, entre elas a com os irmãos Moreira Salles, que se tornaram sócios em 1989. Em 2009, foi a vez de cruzar o Atlântico e se juntar à Penguin para lançar a coleção de clássicos universais e nacionais no mercado brasileiro. Em 2011, a Penguin adquiriu 45% das ações da Companhia das Letras. (Em 2013, a Penguin se fundiu com a Random House, criando a Penguin Random House, o maior grupo editorial do mundo).
Da junção da editora paulista Companhia das Letras com a carioca Objetiva, em 2015, nasceria o Grupo Companhia das Letras, que reúne o mais expressivo acervo de escritores e poetas brasileiros de Chico Buarque a Jorge Amado, de Ruy Castro a Roberto Pompeu de Toledo, de João Ubaldo Ribeiro a João Cabral de Melo Neto, de Carlos Drummond de Andrade a Milton Hatoum e um catálogo estrangeiro que prima por prêmios Nobel e pesos-pesados da literatura: Amós Oz, Fernando Pessoa, Haruki Murakami, Italo Calvino, J. M. Coetzee, Jorge Luis Borges, Mario Vargas Llosa, Oliver Sacks, Orhan Pamuk, Philip Roth e Salman Rushdie. Sem falar do grande time de autores de não-ficção, como Andrew Solomon, Daniel Goleman, Gay Talese, Simon Montefiore, Thomas L. Friedman, Walter Isaacson, Tony Judt, entre outros.
Querido por leitores de variadas idades, perfis e formações, o Grupo Companhia das Letras chega a 2016 como líder de mercado, segundo a Nielsen, congregando 1,5 milhão de seguidores via redessociais, com alcance mensal de 10 milhões de usuários pelas diversas plataformas digitais em que atua. A editora apostou desde o início no livro digital e hoje já tem mais de dois mil títulos convertidos em e-book.
O Grupo Companhia das Letras inaugurou um moderno depósito de seis mil metros quadrados em 2015, em Guarulhos (SP), e distribui seus livros em todo o território nacional, de forma rápida e eficiente. Possui também representantes de vendas nas principais regiões do país.
A Companhia das Letras valoriza a importância da diversidade e acredita no seu papel como uma editora mais plural e inclusiva.
Seus 200 funcionários trabalham divididos em dez departamentos a fim de garantir a publicação de cada um de seus livros sem perder de vista a ênfase na imaginação, na qualidade e na experiência de leitura característica de cada título.