Publicado em 1881, Memórias póstumas de Brás Cubas surpreendeu a sua época com as lembranças fragmentárias de um improvável narrador defunto que, depois de morto, decide celebrar o grande fracasso que foi a sua vida. Assim, encaramos na obra, como afirma Geovani Martins, a figura deste herdeiro como um "fracassado de sucesso", cujos privilégios, mesmo com sua escancarada mediocridade, se mantêm às custas da exploração dos outros. Não à toa, essa mesma mentalidade senhorial retratada ressoa nos gritos de protesto das elites que esbravejaram contra a garantia de direitos às trabalhadoras domésticas no século XXI.
Marco definitivo na cultura brasileira, a obra cada vez mais se firma como um clássico da literatura ocidental, fascinando leitores estrangeiros, como aborda Flora Thomson-DeVeaux, tradutora do livro para o inglês, levando-nos a refletir sobre o duradouro legado de nossa miséria.
* Leitura obrigatória do vestibular da UFGD.
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